Amor é assim, movimento. Porque quando amor fica tranquilo demais, vira irmandade, vira amizade. E não é que seja ruim quando é assim, não. Só não tem graça. Não tem frio na barriga, mas também não tem alegria.
Dá pra viver sem amor que chacoalha a gente sim. Dá pra viver sem medo de perder, sem querer estrangular, sem essa instabilidade toda que amor demais gera. Tanta gente vive desse jeito. É escolha, para que tanta emoção, compadre?
Amor que chacoalha é pólvora. Tira o sono, tira a calma, tira as estribeiras. Mas e aí, você faz o que? Mata? Que nada, o desgraçado não morre, e um dia você descobre que vai ser assim mesmo, um deus nos acuda, um tal de ceder aqui, um mudar ali, um amar antes de tudo a diferença. E que só funciona quando você se entrega a isso tudo.
A gente vive como quer, como escolhe. Pode passar a vida inteira igual, nesse calorzinho do conforto que não tem fim. E pode escolher a vida em movimento, mas ah, que sofrimento.
Então a equação não fecha nunca? Conforto mais calor, vida sempre igual, que tristeza, que tédio. Novidade e mudança, vida que se transforma, que instabilidade, que sofrimento.
É meu amigo, perfeição não existe não. A gente está na vida para aprender a dançar no meio dessa confusão toda. Que se você aprende a dançar o tédio nem é tão tédio assim e o sofrimento nem é tão sofrimento assim. Vira tudo uma grande brincadeira.