sábado, 14 de janeiro de 2012

Como é que morre um amor?


        Como é que morre um amor? Sim, amor morre. Pode morrer de morte morrida ou de morte matada. Vai doer das duas formas, porque a gente nunca entende porque um amor morre. A gente não quer que o amor morra, porque não devia ser assim. Então, a gente luta, luta e luta. E às vezes a gente salva o amor. Mas às vezes não tem jeito mesmo.

        Amor pode morrer de morte morrida. Vai morrendo devagarzinho, a gente nem percebe. No dia a dia, o encanto vai desaparecendo, o que era empolgante passa a ser trivial, e quando nos damos conta, o sentimento virou outra coisa. Virou carinho, virou ternura, virou um amor diferente. Virou um sentimento gostoso, mas não é mais aquele amor que a gente sentia e nos fazia sentir cada vez mais vivos, fazia os olhos brilharem e o coração bater mais forte. Fazia enxergar o mundo mais colorido.

        Tem quem continue junto mesmo assim. É um sentimento que não é ruim, é apenas confortável. Não tira mais o fôlego, não emociona. Mas é reconfortante. É seguro.

        E tem quem lute para ressuscitar esse amor. E às vezes consegue. Mas é que ele ainda não tinha morrido de vez, respirava bem pouquinho, lá no fundo. Aí, é só jogar uma bomba de oxigênio em cima. E ele renasce, vai ficando forte de novo. Mas não é todo mundo que consegue perceber a morte do amor a tempo de salvá-lo.

        Doída mesmo é a morte matada. Porque ela é consciente e racional. Violenta. O coração não quer, mas a mente percebe que o coração está cego. Percebe que só o amor não basta. Existe todo o resto, existem os problemas, insolúveis. As incompatibilidades, inconciliáveis. Os desejos, opostos. O amor ainda é forte e vive, mas as pessoas não conseguem encontrar um caminho comum.

        A decisão de matar um amor não pode ser uma simples fuga. Tem que ser bem pensada. Tem que ser depois de muita luta. Porque, se não for assim, não se mata um amor. Um amor é muito forte, não sucumbe a qualquer tacada. A tacada tem que ser certeira. Se você não tiver certeza, não vai conseguir acertar o amor. E só vai se machucar, porque ele vai sobreviver, e não vai deixar você em paz. E vai voltar, mais forte ainda.

        Então, antes de decidir matar um amor, temos que lutar muito por ele. Esgotar todas as suas possibilidades. Convencer-se de que realmente tudo foi feito. E que não tem mais jeito. Não há mais espaço para arrependimentos. Estar consciente de que vai doer. Vai doer muito. Mas é a única solução.

        O bom de tudo isso é que essa dor vai passar. Parece que não, mas passa. Um dia, vamos acordar e perceber que já não dói como doía antes. Que a ausência, antes tão sentida, tornou-se uma nostalgia. Uma recordação boa. Vamos lembrar que sentimos um amor muito grande. E que lutamos muito por ele. E que vivemos intensamente esse amor. Mas que ele teve que morrer, por amor. Amor ao outro e amor a nós mesmos.

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