segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Para sempre



   Eu acredito em amor de verdade. Daqueles que são para sempre, amores leais. Daqueles que contornam as crises, e sempre sobrevivem, cada vez mais fortes.

   Sei que isso é totalmente fora de moda. A racionalização e a inteligência dos dias de hoje nos informam que isso não existe, que as uniões são instituições fracassadas e que estamos todos fadados a viver em nossa individualidade. Vivamos juntos mas separados, por favor. Juntos enquanto for conveniente. Criam-se então fórmulas para tornar a inevitável separação o menos dolorosa possível, procura-se a proteção da dor antes que ela aconteça.

   Mas acredito ainda no sentimento antigo. Acredito no seja eterno, ainda que enquanto dure. Não acredito que o fim chegará. 

   Por acreditar nisso, nunca tive relacionamentos superficiais. Ou fico solteira, ou me entrego. Tenho personalidade de gato. Não me fortaleço com a companhia, fortaleço a companhia. Amei poucas vezes, mas em todas elas acreditei que era para sempre. Amo com todas as minhas forças, entrego a minha vida para ser dividida e nunca me arrependo. Quando acaba, dói sim, dói muito, parece que um pedaço foi arrancado. Aliás, não parece, o pedaço foi sim arrancado, e esse processo de tirar um pedaço de você mesmo é um dos piores que se pode ter notícia. Mas ainda assim acredito que vale a pena cada tentativa. 

   Talvez eu pense assim porque cresci vendo um casal que se ama e se respeita, profundamente, há mais de 43 anos. Um amor que não é afeito a grandes declarações românticas nem demonstrações de afeto, mas um amor companheiro e leal. Vi meus pais discutindo várias vezes, sim. Mas nunca, nem nos piores momentos, vi uma agressão. Meu pai nunca ameaçou sair de casa e nos abandonar. Nunca ouvi nenhum dos dois falando mal um do outro para mim, mesmo que estivessem morrendo de ódio. Podiam se desentender, mas frente a mim sempre foram um só. Frente a mim e ao resto do mundo. Hoje, velhinhos, a ternura e o cuidado que vejo entre eles me faz acreditar ainda mais no "para sempre".

   Às vezes penso que esse modelo torna minha vida amorosa um tanto difícil. Não consigo compreender as desilusões das pessoas em relação aos casamentos. Não consigo compreender porque tanto se desacredita em relacionamentos amorosos, para que inventar tantos artifícios mirabolantes para não se separar, não enjoar, não gastar, por que tanto medo da rotina. Para mim, parece tão simples…. basta amor e vontade de estar junto. Criatividade, admiração, respeito. Força de vontade, disposição. E, acima de tudo, acreditar que foi feita a escolha certa. Que é aquela pessoa que, dentre tantas no mundo, merece percorrer o caminho com você, sem desvios. Que é aquela pessoa que faz valer a pena abrir mão de tantas outras. Meus amores nunca terminaram por conta da rotina. Terminaram porque os caminhos se desencontraram, de alguma forma. Terminaram porque, em algum momento, achei que não era aquela a escolha certa ainda.

   Estar com alguém dá muito trabalho, sim. Por isso, só vale a pena se for por amor. Senão, melhor estar solteiro, viver aventuras, ter amigos. Amor é uma escolha, é sair de cima do muro. Amor não é para os covardes e indecisos.

Um comentário:

  1. uhuh parabéns amiga, cada dia te amo mais! Observava a mesma coisa com meu pai e minha mãe. Vontade, escolha, decisão tudo isso envolve o amor.
    Amei seu texto!

    ResponderExcluir