domingo, 9 de novembro de 2014

Malévola, a menina má


Finalmente assisti "Malévola". Estou verdadeiramente impressionada e feliz. 

Essas releituras de contos de fadas são realmente fascinantes. Cada uma delas mereceria uma homenagem especial. 

Sempre penso nos efeitos maléficos dos contos de fadas tradicionais nas mulheres da minha geração, das anteriores e também das posteriores. Através deles aprendemos que a redenção de todos os nossos males aconteceria através de um príncipe encantado poderoso que nos encontraria e nos salvaria. O único problema é que esse ser maravilhoso escolheria dentre todas nós a que fosse a mais bela, a mais pura, a mais bondosa, a mais perfeita. Ser perfeita tinha como prêmio ser escolhida pelo mais perfeito dos homens. Ou, ser escolhida significava que realmente tivemos sucesso em nossa formação como ser humano feminino. Não ser escolhida significava, portanto, o fracassso. Quanto mais homens nos escolhessem, mais bem sucedidas seríamos.

As consequências disso são terríveis. Crescemos nos preparando para ser escolhidas, apesar de todo o feminismo e suposta emancipação. Pior que isso, crescemos querendo ser melhores que a nossa coleguinha ao lado, por mais querida e amiga que ela seja, pois a premiada será apenas uma, a melhor. E pior, ser escolhida ainda tem o sabor da vitória, do prêmio por todos os esforços. No mais das vezes, o prêmio nem pode ser tão bom assim, mas saber-se melhor que a outra... ah, isso sim vale o esforço.

Competitivas e pouco solidárias. Qualquer mulher genial torna-se uma suposta inimiga. Tornamo-nos destruidoras umas das outras. Dá-lhe dietas da moda, cirurgias plásticas, reconstrução de cabelos, fortunas em roupas, maquiagem. Ser bonita passou a ser um investimento.

Pois as releituras e os novos contos de fada invertem a história e me enchem de esperança. Neles, os homens existem. Mas são parceiros e companheiros, jamais salvadores. A vitória surge através do amor,  mas não do amor romântico. Valoriza-se especialmente o amor amizade, o amor companheirismo, esse que ultrapassa o desejo em que se lastreia o amor romântico, que é um amor tão frágil e fugaz quanto os desmandos de nosso humor.

Imagino a geração que se forma através dessas informações. Imagino uma geração de meninas felizes, capazes de detectar os próprios desejos e lutar por eles. Uma geração de meninas amigas e companheiras.

Imagino especialmente um mundo em que a beleza feminina finalmente se manifestará, a partir do universo interior rico que essas meninas construirão. Pois nada torna uma mulher mais linda do que a feminilidade que brota do amor próprio. Botox, silicone e lipoaspiração, vocês estão com os dias contados. Deixaremos de ser bonecas e nos tornaremos finalmente mulheres.


Um comentário:

  1. Amei o conteúdo! Concordo que o materialismo ferra com qualquer garota, mas muitas o fazem para sentirem-se melhor consigo mesmas...bem, eu não faria...srsr entendo bem seu angulo de visão! O blog esta parado? Se tiver, é uma pena, é difícil achar blogs femininos com conteúdo bom atualmente, geralmente só se encontra blogs de moda e maquiagem. O meu é esse aqui, se quiser dar uma olhada no conteúdo: http://diariointerrompido.blogspot.com.br/
    Vou seguir seu blog, espero que ele volte a ativa, beijos!

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