segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eu tô voltando pra casa!


       Minha viagem está chegando ao fim. Já são quase vinte dias sem qualquer rotina, em um ritmo frenético. O curioso disso é que o que aconteceu há duas semanas parece já tão distante, tamanho o número de acontecimentos que se sucederam nestes dias todos.

       Daí me peguei pensando que a nossa vida só passa muito rápido quando não prestamos atenção nela. Quem viaja não quer perder detalhes, observa tudo e todos. A beleza de um edifício, de uma esquina, uma pedra especial, uma árvore curiosa, uma flor mais colorida, escutar com atenção um amigo conhecido ou uma pessoa que acabamos de conhecer, tentar se comunicar com o funcionário de um metrô, o garçom, o dono de um estabelecimento qualquer.... quantas vezes realmente nos interessamos pelo que está acontecendo à nossa volta, em nosso dia-a-dia? Quanto perdemos por não valorizarmos o que acontece à nossa volta, repetindo apenas aquilo a que estamos acostumados?

       Meu trecho Inglaterra/Escócia foi renovador. Começando pelo meu inglês, que acreditava ser bom, e descobri que é muito ruim diante do sotaque britânico. Passando pela mão inglesa, que quase deu pane no meu cérebro. As paisagens vitorianas e medievais, o modo polido e o sorriso atencioso dos ingleses e escoceses do interior. Pelos cuidados do Ale, que me recebeu em sua casa, e dos seus amigos Harsha e Sarah, pessoas tão doces e especiais, que me mostraram como é possível ter a sensação de família mesmo longe de casa.

     A França, bem... é a minha paixão. Franceses são sempre tão charmosos, em qualquer situação. Nunca subservientes, cada francês carrega a dignidade de liberdade, igualdade e fraternidade propagada pela Revolução Burguesa. Vi as meninas de um dos hotéis em que fiquei limparem as janelas com echarpe no pescoço e salto alto, maquiadas. Adoro esse brilho que nada nem ninguém apaga, essa independência que cada um deles carrega dentro de si. Franceses são como gatos, nunca serão dominados nem amestrados. Não cumprem ordens, fazem aquilo que deve ser feito e pronto.

     Estou ainda vivenciando Portugal. E procurando uma palavra para descrever este lugar. Mesma língua, país que deveria manter identidade conosco, já que é nossa mãe. Ou pai? Mas não consigo estabelecer a identidade entre nós, é tudo tão diferente, somos filhos rebeldes e desgarrados. Há lirismo e uma certa melancolia por todos os cantos, meu amigo Fábio diz que é culpa do fado. O fado é uma música que faz doer o coração. E acho que os portugueses são meio assim, vivem carregando uma certa tristeza e uma saudade que não tem motivo, ela só é inerente a todo ser humano, mas eles vivenciam tais sentimentos como algo muito natural.

     A vontade é de continuar, mas sinto já um certo cansaço. E saudade de quem ficou, principalmente. Meus olhos estão cheios de paisagens deslumbrantes, e meu coração de pequenas lições de vida dadas por cada um que cruzou o meu caminho. Só que para continuar a vivenciar essas sensações preciso da minha rotina. Um tempinho  para valorizar o que foi vivido. E aprender a colorir a minha vidinha, com tudo que eu estou trazendo na minha bagagem de volta.

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