segunda-feira, 17 de outubro de 2011

De mãos dadas


        Eu sempre choro em cerimônias de casamento. Choro porque acho lindo e acredito em casamentos, e as cerimônias, quaisquer que sejam, simbolizam essa união. Está lá para quem quiser ver, a despeito de todo o carnaval e qualquer comércio que se tenha criado sobre essa instituição. Mas calma, acredito em casamentos, e não em príncipes e princesas encantados, e muito menos em foram felizes para sempre, por simples magia, sem qualquer trabalho.

        Gosto da idéia do casamento, seja lá qual for o formato pelo qual ele se manifeste. A idéia de duas pessoas que, dentre tantas no mundo, se encontraram e escolheram uma à outra para viver os seus sonhos, desejos e tristezas, me encanta. Acho essa escolha um ato de extrema coragem que só pode ser tomado com muito amor. Você escolhe que é aquele alguém que vai caminhar com você, de mãos dadas. Outras tantas pessoas vão surgir pelo caminho, mas é naquelas mãos que você segura. Em algumas horas segura para apoiar, em outras segura para se apoiar. Segura porque confia. Segura porque sabe que vocês querem chegar ao mesmo lugar, mesmo que em alguns momentos vocês tenham que desviar um pouco do caminho. Aí vocês se soltam, sem medo, porque, em algum momento, os caminhos vão voltar a se encontrar, e vocês poderão continuar andando de mãos dadas. Não há pressa em chegar, e nenhum dos dois pensa em chegar antes do outro. O bacana é o caminhar de mãos dadas, o bacana é chegar onde se pretende juntos. Ou então não ficar triste se não conseguirem chegar. O que importa mesmo são as mãos dadas.

        Casamento para mim é isso, andar de mãos dadas. E isso não implica em morar junto, visitar os familiares nos fins de semana, agüentar churrascos dos amigos de trabalho. Sim, pode até ser isso, se você gostar do pacote tradicional. Mas o pacote tradicional não é necessário para que se viva um casamento.

        Tem gente que pensa que é casado, mas não é. Aí se põe a falar mal de casamento. Diz que casamento destrói o amor. Que nada. Casamento só existe enquanto houver amor. Se você não sente amor, não é casado. Se você não respeita, não admira, não confia e não faz planos com o seu cônjuge, você não é casado. Se você não se sente à vontade para falar o que pensa, de ligar na hora que der vontade, de contar como foi seu dia, de reclamar de Deus e do mundo inteiro num dia ruim, de usar uma camiseta horrorosa e rasgada para assistir televisão, e se a pessoa não tem paciência para tudo isso, você tem um roomate, não está casado. Vocês estão um ao lado do outro, mas não de mãos dadas. Suas mãos apenas se tocam de vez em quando, nos momentos de prazer.

        E é por isso que eu gosto tanto das cerimônias de casamento. Nelas as pessoas tornam pública a sua escolha, nelas as pessoas contam para todo mundo que pretendem caminhar juntas. E isso exige muita coragem. Porque ninguém quer dizer para todo mundo que fez uma escolha, para alguns dias depois desistir dela. Ou melhor, não deveria…. mas isso é outra história, estou ainda no simbolismo. Quem escolhe diz a todo mundo por quem vai lutar, apesar de toda essa dificuldade que é amar. Sim, pois amar não é fácil, exige carinho, foco, e muito trabalho, diário. Como tudo na vida que tem importância, aliás. Ah, e as mãos dadas, sempre.

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