quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

E assim escolhi!



"Amor não é uma fatalidade, é uma escolha."  Parem tudo, caramba. Como assim, amor não está escrito nas estrelas? Amor não é um encontro de almas predestinadas? Quer dizer que é uma escolha, simples assim, depende apenas da minha própria vontade?

Puxa, então tudo o que eu li e vi nos mais delirantes e passionais livros e filmes é mentira? Amor não é algo que resiste a todas as intempéries do destino, sentimento mais forte que nós mesmos, algo sobre o qual não temos nenhum controle?

Não, não tem nada de mágico no amor. Amamos quem queremos. E deixamos de amar quando não queremos mais amar. Amamos quando a pessoa está alinhada com aquilo que desejamos, e deixamos de amar quando o alinhamento não existe mais. Simples assim. É claro que tem a pele, tem a química, tem o cheiro. Tem o algo mais. Mas isso, por si só, não sustenta um amor, sustenta, no máximo, uma paixão. 

Minha alma romântica deveria estar desolada com essa descoberta, mas não está. Há um romantismo na escolha. E afinal, ela não é tão consciente assim, não é um mero jogo de interesses. Observando quem amamos, descobrimos muito sobre nós mesmos. Descobrimos do que gostamos, descobrimos o que desejamos, o que planejamos. Imagine o que é descobrir o que você realmente deseja para sua vida, observando um outro alguém. Imagine que descobrir um amor é o mesmo que descobrir a nós mesmos.

Por ser uma escolha, ela depende de nossa vontade. Não basta escolher, tem que ter garra para persistir. Não vale desistir diante de dificuldades. Tem que tentar de vários jeitos diferentes, até acertar. Amor é um eterno vício de autoconhecimento. Um eterno vício de si próprio. 

Também, por ser uma escolha, ele pode não ser eterno. Nossas escolhas mudam durante o decorrer da nossa vida. E aí escolhemos outras pessoas para amar. Sem significar que alguém foi mais amado que outro, sem significar que um novo amor é pior ou melhor que o outro. Simplesmente mudamos, só isso. Escolhemos outros caminhos.

Deve ser por essa razão que muita gente não consegue amar ninguém. Encanta-se pela beleza, pela magia do encontro, mas não consegue amar. Enebria-se pela novidade, mas não consegue ultrapassar a linha da superficialidade. Porque só é possível amar quando se tem desejos na vida. Se nada se deseja, como então amar alguém? Se nada se deseja, inevitável é o tédio após o fim dos jogos da conquista. Pois além desse limite, nada mais existe.

Amar é apenas ter escolhido, dentre tantas pessoas, aquela com a qual podemos sonhar e realizar nossos sonhos.

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