terça-feira, 29 de março de 2011

Rogério Ceni

       
        Fiquei com vontade de falar sobre o assunto da semana, Rogério Ceni. E nem é porque eu sou são paulina. E também nem entendo de futebol. Gosto assim assim, acho bacana ver a empolgação, a torcida, a bola batendo na rede. Sou filha de corintianos, mas escolhi o São Paulo como time quando era criança porque tinha o Raí… lindooooooooo! Enfim, quando alguém me pergunta, sou são paulina,  e sei mais ou menos quando meu time está ganhando ou perdendo, e fico bem feliz quando está ganhando. Mas é só.

        O que me fascina em Rogério Ceni é que ele joga e sempre jogou no time que queria jogar. Escolheu que seria assim e pronto. Ali começou e fez sua trajetória. Nesse time do coração traçou suas ambições, sem abandonar o foco nem se vender por contratos milionários. Não será lembrado como o melhor jogador do mundo, como o mais rico, como o mais envolvido em escândalos, como um gênio do futebol, e penso que nem mesmo como o goleiro que fez 100 gols, porque surgirá no futuro outro goleiro com mais gols que ele. Acho até que será bem pouco lembrado.

        Só que alguém tem dúvidas de que ele é um homem muito mais realizado profissionalmente do que Ronaldo, o Fenômeno, com seus milhões e milhões, toda a sua fama internacional, e todos os seus títulos de melhor jogador do mundo?

        Pois eu gosto de gente assim, que ama alguma coisa, acredita e não liga se vai dar certo ou errado. Escolhe e não desiste por qualquer obstáculo, mesmo quando tudo parece estar estagnado e todos dizem para tentar de um outro jeito. Gente que não foca no resultado de seus atos, mas nos seus atos, em seus princípios. Que prefere fazer tudo da maneira correta ao invés de se vender. Talvez porque seja filha do meu pai, que vai morrer pobre mas tem um patrimônio de valor inestimável: ninguém neste mundo consegue tecer um comentário ruim a seu respeito. Nenhum ato indigno, nenhuma trapaça, nenhuma mentira. Nenhuma pessoa que eu conheço negaria um favor a ele, embora duvido muito que ele peça algo um dia. Aprendi a apreciar a dignidade das pessoas, muito mais que seus feitos, sua fama e seus bens materiais.

        Enfim, gosto de Rogério Ceni porque um goleiro não precisa fazer gols, mas sim evitá-los. Mas para que o infeliz se mete a fazer gol então? Imagino que ele responderia a essa pergunta como qualquer moleque que joga futebol de várzea responderia: "porque fazer gol é legal, ué!" É isso aí. Tem algum outro motivo pra se fazer alguma coisa na vida?

sexta-feira, 25 de março de 2011

Se gosto, é porque preciso!

foto de Márcia Bulle (www.bulletenacidade.blogspot.com)
          Estava quietinha no meu canto assistindo TV quando vejo uma moça, já nem tão moça assim, com este discurso, supostamente feminista: "Tenho casa própria, escritório próprio, ganho bem, sou independente, para que vou precisar de homem?".

          Bem, a cidadã em questão não era exatamente feia. Mas também não era exatamente bonita. Tinha um ar decidido, provavelmente é uma profissional bastante competente e respeitada. Parecia um trator, para ser mais exata. E tinha cara de quem penou um divórcio horroroso, e agora só anda com suas amigas que também penaram um divórcio horroroso. E juro que eu não estou sendo machista, antes que a mulherada enlouqueça com essas minhas observações.

         Machista é ela e todas aquelas que pensam dessa maneira. Nem Jece Valadão diria uma pérola dessas. Como assim, só porque a mulher ganha bem, resolve seus problemas e é independente, ela não precisa mais de homem? Quer dizer que as mulheres só precisam de um homem caso elas não ganhem seu próprio sustento e não consigam se virar sozinhas? E a partir do momento em que elas conseguem resolver as questões básicas de sobrevivência, uma coisa realmente fenomenal para seres normalmente tão incapazes, elas podem dispensar os homens de sua vida?

         Pois eu PRECISO e ADORO homens, sim. E ganho muito bem, obrigada. E viajo, vou ao cinema e ao teatro sozinha, quando me dá na telha. E consigo passar os sábados à noite lendo um livro, se não estiver a fim de sair. Ou ficar só batendo papo com minhas amigas queridas. E só durmo de conchinha se estiver apaixonada, mas também não agüento a noite inteira, preciso respirar. E pago a minha própria parte no restaurante, e a dele, se me der vontade. E posso comprar presentes para o meu amado. E não estou nem aí para o quanto ele ganha, desde que seja uma pessoa talentosa, porque eu não suporto gente burra não.

          Então. Eu SOBREVIVO muito bem sem homens. Mas isso não quer dizer que eu não precise deles. Preciso deles porque são diferentes, e sempre têm uma visão distinta do mundo da que nós, mulheres, seres tão complexos, temos. Eles simplificam a minha vida, tornam um problema enorme algo tão corriqueiro quanto uma partida de futebol. E também porque eles me fazem sentir mais forte, já que são tão meninos às vezes. Ficam felizes, extremamente felizes, com coisas tão banais quanto uma bicicleta nova, por exemplo. E seus problemas sem solução acabam se o time do coração marcar um gol na final de campeonato. E se concentram naquilo que os encanta, naquele momento, de maneira tão profunda, de um jeito que nós, mulheres, jamais conseguiremos. Estaremos sempre pensando no desencadear do que está acontecendo, nas conseqüências, em tudo ao seu redor, como somos malucas!

         E tem o abraço, o cheiro do homem amado, esse toque tão diferente que ele nos proporciona… Como dizer que não preciso disso? Aquela sensação de se sentir protegida, mesmo sabendo me proteger muito bem. De ser cuidada, mesmo sabendo que esse cuidado é totalmente desnecessário. Ah, eu preciso disso tudo, por um motivo muito simples: porque adoro!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Quem quer a fórmula do amor?

      
       
         Quantas fórmulas do amor existem por aí, não? Blogs, sites, revistas femininas e masculinas, livros de auto-ajuda, livros supostamente científicos, filmes, todos tentando explicar como devemos nos comportar para nos relacionarmos bem com o sexo oposto (ou não). Enfim, são dicas e mais dicas de como saber a hora certa de chegar, de como não invadir espaços, de como fazer o outro se sentir melhor, de como fazer o outro entender que somos bacanas, enfim, todas teorias muito lógicas e muito lindas.

        Não duvido de forma alguma que todas essas teorias funcionem. Aliás, tenho absoluta certeza de que, se você segui-las à risca, provavelmente fisgará um companheiro dedicado e grato para o resto de sua vida. Só tem um probleminha: você só consegue seguir essas teorias se não estiver apaixonado.

        Quando você não está apaixonado, mas sim interessado pela pessoa certa e perfeita para você, é tudo muito simples. Você sabe que aquela pessoa é a que lhe trará muitos benefícios na vida,  conforto, então trabalha direitinho para que tudo corra bem. E vai correr. Uma paz, uma tranqüilidade sem igual. Mas, por que raios então você continua descontente? É simples: PORQUE VOCÊ NÃO ESTÁ APAIXONADO, CARAMBA!

        Pois então você se apaixona. E faz tudo, tudo, da forma mais errada possível. Você sabe que está errando sem parar. Pior ainda, se apaixona pela pessoa que aparentemente só atrapalha a sua vida. E mais que o pior, se a outra pessoa também estiver apaixonada, ela vai fazer tudo da forma mais errada o possível, assim como você. Conclusão? Desastre total. Fim de relacionamento.

        Mas que nada. Sabe aquela comediazinha romântica, acho que o nome é "Como perder um homem em X dias"? A menina faz tudo errado, de propósito, e mesmo assim não perde o tal do homem. Porque não adianta, o que tem que ser, vai ser. Mesmo fazendo tudo errado. E se não der certo, é porque não era pra ser. Simples assim.

        Bom, a minha conclusão suicida é uma só: não existe fórmula do amor. A gente deve seguir o que sente, sempre. Mostrar nossas deficiências, nossos defeitos, nossas insatisfações. Para não ficar nada guardado, nada escondido, nada falsificado. Para não aparentar ser quem você não é. Não adianta viver sempre sob controle, porque embora isso torne as coisas mais fáceis, nos priva da alegria de uma emoção intensa e verdadeira. Expor o que sentimos é arriscado. Mas o que une duas pessoas é algo que a lógica jamais explicará.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Eu quero sempre mais... de mim!

          
         Eu sou uma pessoa que sempre espera. Espero que a minha próxima viagem seja o máximo, que o meu novo corte de cabelo arrase, que o prato que escolhi no restaurante seja simplesmente delicioso, que a próxima comidinha que eu preparar seja elogiada por todos, que vou ficar um desbunde no meu vestidinho novo, que a próxima vez que eu me encontrar com o meu amor será algo tão intenso como nos meus romances favoritos, que o meu blog vai bombar. Canalizo todos os meus esforços para que tudo aconteça como estou prevendo, num ponto que beira a obsessão. Me divirto muito quando estou planejando e sonhando, fico imaginando o que está por vir, aumento o sucesso, chego a um ponto em que passo a sentir como se tudo realmente estivesse acontecendo, exatamente do jeito que eu queria.

         Obviamente, na maioria das vezes não sai exatamente como o planejado. Muitas vezes sai apenas um resultado mais ou menos parecido com o que eu esperava. E às vezes dá tudo errado. Aí resta saber lidar com a frustração, o que não é nada fácil. E frustração é uma coisa que se parece um tombo de bike. Se você pedalar sempre por um caminho reto e seguro, é muito pouco provável que caia, já que não espera nada de novo, apenas quer chegar, e nada mais. Tranquilamente e sem imprevistos, uma ciclofaixa alemã seria perfeita nesse caso.

          Por outro lado, você pode ser, como eu, um maluquete que adora escolher os caminhos mais difíceis para chegar a um mesmo lugar, pelo puro prazer da emoção. Apenas para experimentar sensações diferentes antes de chegar. Sabe muito bem que terá que lidar com o inesperado. E que pode cair, várias vezes. Mas mesmo assim, acha que vale a pena, e se mete em todas as enrascadas, cai, se machuca, se espatifa. Pensa até em desistir, e voltar para aquele caminho mais fácil e seguro. Mas acontece que esse tipo de gente é viciada nas pequenas vitórias que os desafios proporcionam, e não consegue mais mudar de caminho. Até que um dia, de tanto cair, aprende a se machucar menos com os tombos. E a suportar mais as dores, a se recuperar mais rápido. E perde vários medos pois sabe que, se cair, vai se levantar. E pronto. Sabe que pode sonhar até onde quiser, porque se não der certo, arruma um sonho novo rapidinho.

         Enfim, quanto mais você se arrisca, quanto mais você sonha, maior o risco de acumular frustrações pelo caminho. É claro que é muito fácil, e parece mais lógico, andar por aí e chegar aonde se pretende sem esperar que nada de inesperado ocorra, eliminando os tombos e as frustrações. Mas não sei se vale a pena, viu?