quarta-feira, 9 de março de 2011

Eu quero sempre mais... de mim!

          
         Eu sou uma pessoa que sempre espera. Espero que a minha próxima viagem seja o máximo, que o meu novo corte de cabelo arrase, que o prato que escolhi no restaurante seja simplesmente delicioso, que a próxima comidinha que eu preparar seja elogiada por todos, que vou ficar um desbunde no meu vestidinho novo, que a próxima vez que eu me encontrar com o meu amor será algo tão intenso como nos meus romances favoritos, que o meu blog vai bombar. Canalizo todos os meus esforços para que tudo aconteça como estou prevendo, num ponto que beira a obsessão. Me divirto muito quando estou planejando e sonhando, fico imaginando o que está por vir, aumento o sucesso, chego a um ponto em que passo a sentir como se tudo realmente estivesse acontecendo, exatamente do jeito que eu queria.

         Obviamente, na maioria das vezes não sai exatamente como o planejado. Muitas vezes sai apenas um resultado mais ou menos parecido com o que eu esperava. E às vezes dá tudo errado. Aí resta saber lidar com a frustração, o que não é nada fácil. E frustração é uma coisa que se parece um tombo de bike. Se você pedalar sempre por um caminho reto e seguro, é muito pouco provável que caia, já que não espera nada de novo, apenas quer chegar, e nada mais. Tranquilamente e sem imprevistos, uma ciclofaixa alemã seria perfeita nesse caso.

          Por outro lado, você pode ser, como eu, um maluquete que adora escolher os caminhos mais difíceis para chegar a um mesmo lugar, pelo puro prazer da emoção. Apenas para experimentar sensações diferentes antes de chegar. Sabe muito bem que terá que lidar com o inesperado. E que pode cair, várias vezes. Mas mesmo assim, acha que vale a pena, e se mete em todas as enrascadas, cai, se machuca, se espatifa. Pensa até em desistir, e voltar para aquele caminho mais fácil e seguro. Mas acontece que esse tipo de gente é viciada nas pequenas vitórias que os desafios proporcionam, e não consegue mais mudar de caminho. Até que um dia, de tanto cair, aprende a se machucar menos com os tombos. E a suportar mais as dores, a se recuperar mais rápido. E perde vários medos pois sabe que, se cair, vai se levantar. E pronto. Sabe que pode sonhar até onde quiser, porque se não der certo, arruma um sonho novo rapidinho.

         Enfim, quanto mais você se arrisca, quanto mais você sonha, maior o risco de acumular frustrações pelo caminho. É claro que é muito fácil, e parece mais lógico, andar por aí e chegar aonde se pretende sem esperar que nada de inesperado ocorra, eliminando os tombos e as frustrações. Mas não sei se vale a pena, viu?

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