quarta-feira, 13 de abril de 2011

E para onde vou agora?


             Viver é escolher.
          Escolher é perder.        
          E dá medo escolher.

         Porque desde criança a gente aprendeu que não é bom perder. Mas se a gente não escolhe, não vive. Fica parado, amarrado. Então vai ver que perder não é tão ruim assim. Porque quando a gente perde alguma coisa, na verdade está ganhando outra. E já que tudo é assim na vida, então vamos escolher, porque daí a gente perde e ganha conscientemente, não?
 
          Eu pedalo e nado. Nado um pouco melhor do que pedalo. Mas não faço nenhuma das coisas direito como poderia. Porque eu não quis escolher.

         Mas será que não dá mesmo para ter várias coisas ao mesmo tempo? É só saber conciliar, dividir as atenções.

         Não, não dá. Quando você tem que conciliar interesses semelhantes ao mesmo tempo, dividir, você não se entrega. Simplesmente não tem tempo nem foco para se entregar. E quem não se entrega, não conhece nem vive as coisas a fundo. Não vive plenamente o que existe para ser vivido, até o seu esgotamento. É óbvio que viver plenamente dá medo, medo de não conseguir voltar se der errado. Na superfície, sempre é fácil voltar e pegar outro caminho. Ou ficar com vários caminhos à mão.

         Só que quem tem medo não se move. Fica ali, na superfície, ao sabor do caminho mais fácil, o tempo todo. Sempre no mesmo lugar, uma hora pra cá, uma hora pra lá. E deixa a vida passar, sem nada viver. Sem conhecer a profundidade de nada. Sem viver experiências verdadeiramente novas, vivendo apenas a repetição da mesma variedade, a variedade da superfície.

         E como saber o que escolher? Isso eu não sei. Ou melhor, isso eu sei. Mas não sei o porquê. A gente sempre sabe qual trajeto quer seguir. Só que tem medo. Então é só seguir, com coragem. Se der errado? Você volta, oras. Vai doer, mas você vai conseguir voltar. Só não consegue voltar quem nunca foi.

6 comentários:

  1. Que bela percepção, Cris. Nosso mundo nos dá muitas escolhas. Eu, particularmente, tenho muitos interesses. Direito, prático e acadêmico, corrida, musculação, pilates, meditação, músicas, 20 turmas de amigos diferentes, família, culinária, piano, cinema, literatura... ufa... sofro, sofro muito por não conseguir fazer tudo nem escolher. Definitivamente, para viver algo de forma intensa, temos que escolher. A vida moderna nos coloca pílulas de informação e de experiências nas mãos, mas não basta. É importante escolher uns bons amigos para viver aquela relação de intimidade intensa. Um bom amor, um tema ao qual nos dedicamos e tentamos saber o máximo possível... enfim. Não acho que precisamos fazer escolhas em todos os campos da vida. Mas há momentos em que, se não fizermos escolhas, ficamos com a mediocridade das experiências...

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  2. Sou absolutamente sartriano. Penso que não há existência sem escolhas. Escolher é o maior exercício de liberdade. Até por isso não acredito em destino, justamente porque ele nega a nossa aptidão de escolhas (venho escrevendo sobre o tema no Twitter). Da sua fala, entretanto, apenas não adiro à idéia de que as experiências são ou devam ser excludentes. Isso soa-me excessivamente binário. Posso escolher diversas coisas, mas devo fazê-lo sob um filtro de prioridades; só isso. O fato de não explorar o potencial de pedalar melhor não significa que se pedala mal ou que aquela intensidade não seja a suficiente para a boa apropriação da experiência. De resto, o blog vem se recuperando depois daquele fatídico post sobre o Ceni.

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  3. Sou exatamente como vc, Fe. Faço mil coisas e acho isso muito saudável, pq amplia as nossas percepções do mundo, e a gente sai dos mesmos pontos de vista.

    Sem contar que viver assim é divertido, né?

    Mas eu acho isso, que em algumas coisas a gente pode e deve ser superficial. Mas em outras a gente deve sim escolher.

    Adorei vc compartilhar meu link!

    beijo

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  4. Então, James. Concordo com vc que as experiências não são excludentes. Normalmente trabalhamos com prioridades. Mas eu acho que, em alguns casos, uma escolha é fundamental, e essa escolha normalmente acarreta perdas que na realidade não são tão perdas assim....

    Por exemplo, se fosse muito importante pra mim ser uma atleta de ponta, teria que diminuir a intensidade de um esporte em detrimento do outro, embora goste dos dois.

    Se eu penso que amo 2 pessoas, vou ter que escolher uma delas, sob pena de não conseguir amar nenhuma das duas direito. Embora a não precise cortar relações com a não escolhida. E por aí vai.

    Gosto sempre dos seus comentários, mesmo quando vc me destrói.

    Vou te seguir no twitter. Mas sinto falta de seus textos no blog.

    beijo

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  5. Entao a gente fica assim, Cris: eh possivel realizar escolhas nao-exludentes, mas eh preciso eleger os graus de intensidades. O que nao dah para fazer eh viver todas as experiencias na mesma velocidade, sob pena de o vagar nos matar de tedio ou da aceleracao nos tirar o prazer do instante.

    Quanto meu ver A meu ver blog, hora dessas escrevo lah. Devo tratar sobre Hemingway e a perda da inocencia.

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  6. O segundo paragrafo saiu truncado porque o meu celular resolveu falar por mim...

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