terça-feira, 5 de abril de 2011

A minha Menina Má

        
        Hoje a Lua, a gatinha de grandes olhos doces que aparece comigo na foto do perfil, faz 10 anos. O que quase ninguém sabe é que ela não está comigo na foto do perfil simplesmente porque é meu animalzinho de estimação. Está lá porque ela é uma menina verdadeiramente má.

        Tenho um outro gatinho, o Fidel, mais novo que ela, e de quem normalmente falo muito mais. Por esse motivo todos pensam que ele é o preferido, mas não é bem assim. O Fidel, como todo ser do sexo masculino, é mais simples, mais engraçado, mais fácil de lidar, e requisita muito mais. Ainda por cima tem uma doença genética que vez ou outra me prega alguns sustos. Ele vem e me agrada a todo instante, fica bravo comigo mas esquece depois de uma bela sessão de carinhos.

        A Luazinha não. Ela é uma menina independente. Há 10 anos atrás, foi descoberta numa gaiolinha nos fundos de uma lojinha horrorosa, toda doente e suja. Olhou para mim e me convenceu a levá-la para casa, imediatamente. Conquistou o Ricardo pulando em seu colo e enchendo de lambidinhas. Foi assim que lutou e conseguiu um lar.

        Todas as doenças que um gatinho filhote consegue ter, estavam instaladas na Lua. A veterinária quando a examinou simplesmente nos disse que havia poucas chances de salvação. Mal respirava. Ela ficava no meu colo me olhando, e lutando para colocar ar nos pulmõezinhos, as vias nasais completamente obstruídas. E como lutava bravamente para viver, essa gatinha tão pequena.

        E não é que sobreviveu, apesar de tudo? Só que, por conta disso, apesar de tão guerreira, cresceu tímida, desconfiada. Tinha medo das pessoas, de barulho, de sair de casa. Mas sempre foi muito ágil e habilidosa, curiosa como todo felino. E muito teimosa, é claro.

        Mas uma Menina Má nunca é a mesma, se modifica a cada instante. E hoje ela quase não tem medo. De vez em quando, vem e pede um carinho. Ou vem e dá um carinho. Quando se cansa, vai embora. Diferente do Fidel, não se importa nem um pouco em ficar sozinha, apesar de gostar da companhia de pessoas. Parece estar confortável em qualquer situação. Tem o olhar muito doce, seu miado é baixo. Mas quando fica brava modifica esse olhar  e demonstra a sua raiva e insatisfação de um jeito que chega a dar medo. E domina completamente o Fidel, que tem por ela um fascínio incondicional.  Aliás, por ter sido criada e muito amada pelo Ricardo, adora homens. Joga charme, mas nem sempre aceita o carinho de volta. A minha menina guerreira é realmente invejável.

        Olho agora para essa coisinha gordinha deitada aqui ao meu lado, ronronando, e penso em quantas coisas passamos juntas. O quanto nós duas mudamos nesses 10 anos. Ela é minha menininha má, e sabe disso. E não precisamos de grandes demonstrações públicas de carinho para sabermos o quanto estamos ligadas uma à outra. A gente sabe.

Um comentário:

  1. Luazinha, luazinha!
    aaaah! (suspiros)
    quando eu crescer quero ser igual a lua! :D

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