quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

É melhor ser alegre que ser triste

 
"Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza; é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não" - Vinícius de Moraes
    
        Bom, estou triste e por isso sem qualquer inspiração bacana. Odeio escrever textos depressivos. O que me deixa mais triste ainda, porque escrever é um atividade que me deixa muito feliz. O que então me coloca num círculo vicioso de tristeza, que horror.

        Meus amigos Inaiá e Zé Eduardo querem me convencer que não, que a tristeza é inspiradora. Que as grandes obras primas do cinema, literatura e da música surgiram em momentos de tristeza. Sabe, acho isso não.  Porque tristeza para mim só acontece quando me deparo com uma situação em que não consigo encontrar uma solução agradável. Ou seja, não há esperança de solucionar o que me incomoda, logo tenho que me conformar. Conformar com aquilo que não queria que fosse desse jeito, e sim de outro. E assim, sem esperança, fico quietinha em meu canto, esperando tudo passar.

        Mas existe ainda um outro sentimento, que as pessoas pensam tratar-se de tristeza, mas ainda não é tristeza. Na realidade, é uma espécie de desespero. E não é tristeza ainda porque restam esperanças. E nessa hora entram a arte, a inspiração. São gritos de desespero, pedidos de salvação. Por isso tão lindos (quer dizer, às vezes nem tanto, depende do tipo de desespero da pessoa e da pessoa, é lógico). São puros, surgem a partir da emoção em estado bruto. A pessoa desprende-se de seus medos, de seus orgulhos, seus condicionamentos, sua boa ou má educação e simplesmente clama pela solidariedade de outro ser humano. E assim, sendo pura, consegue tocar a alma de cada um de nós. Porque chega naquele lugarzinho que escondemos todos os dias. Se aconchega, faz com que nos sintamos próximos e íntimos do artista, e temos vontade de conversar com ele, cuidar dele, e mostrar também nossos medos e ansiedades.

        O final de um grande amor, por exemplo. Ninguém escreve uma poesia bonita, uma linda canção ou pinta um quadro maravilhoso para alguém sem ter a esperança de que um dia tudo irá dar certo. O artista se mostra mais um pouco para quem ama, pedindo um último socorro. Ele se agarra ainda a um fiozinho de esperança, uma oportunidade pequena, bem pequena, e que ainda se vislumbra, de que tudo um dia irá se acomodar. Mas imaginem se esse mesmo artista tivesse a certeza absoluta de que nada fará com que o ser amado retorne. Ele simplesmente não teria forças para empreender esforço algum.

        Pronto, espero ter convencido vocês. Mas sabe qual é a loucura agora? Me diverti absurdamente escrevendo esse texto. Então, me peguei pensando: será que eu estou realmente triste ou é só desespero? Ah, será então que alguém ainda vai me socorrer?

2 comentários:

  1. Crissss adorei!!!! Acho que passei por situação parecida a uns duas atrás...desespero? Talvez!!! rs A pessoa que vai socorrer a gente, é a gente mesmo, quando estivermos preparados!!

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  2. Ah, que bom que você gostou! Pra quem escreve, é muito gostoso saber que as pessoas se identificam com a gente.

    Beijos

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