terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Quem ama desconstrói

           
            Eu adoro conflitos. É isso mesmo, eu sou um conflito ambulante. Vivo em disputa com qualquer um, especialmente comigo mesma. Adoro que apresentem opiniões diferentes das minhas, para eu poder contra argumentar. Gosto muito das pessoas que pensam diferente de mim. Na verdade, eu não quero convencê-las de nada. Quero é que elas me convençam de que estou errada. Muito, muito bom quando isso acontece. Significa que descobri inutilidades em mim mesma.

            Sou assim com os amigos mais queridos, o tempo todo. Provoco, enfrento, questiono, desconsidero. Porque eu quero que eles saiam da própria casca. Ou me tirem da minha. Quanto mais gosto, mais provoco. Nem todo mundo entende. Vem daí a minha fama de má.

            Isso acontece com muito mais intensidade quando me apaixono. Provoco e espero ser provocada. Amo muito mais quando me mostram a minha imperfeição. Quando me tiram da minha teimosia, do meu orgulho. Quando me obrigam a ter um ponto de vista diferente. Lógico que também quero fazer o mesmo. Provocar até o limite. Mas, na paixão, quando a lógica se esvai, os limites são diferentes. A emoção impulsiona. Tudo é mais violento, mais intenso. As descobertas são mais doloridas, as mudanças são vomitadas. Tem a vontade de desistir, mas tem a vontade de ficar. É inebriante. Os limites das mudanças vão até onde não há o assassinato de nós mesmos. Nem mais, nem menos. O amor morre quando se ultrapassa essa tênue linha. Por isso a minha paixão se alimenta dos conflitos: são duas pessoas descobrindo até onde podem ceder, sem se aniquilar.

           Podem dizer que não aceito o outro como ele é. Mas não é isso. Simplesmente não aceito que o outro não seja tudo o que ele pode ser. Quero tirar dele tudo o que atrapalha, atravanca. E quero que ele faça o mesmo comigo. Acho respeito em excesso preguiça. É sempre mais simples aceitar. Mas aceitar é permitir estagnar. E estagnação pode ser algo bom para alguns, mas para mim, é como tirar meu oxigênio. Me mata.



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